A Sony relatou sua primeira perda anual em 14 anos e prevê outro revés mais para frente, enquanto a crise econômica prolongada e a queda violenta do yen esperam por uma recuperação rápida.
Encarando mais perdas à frente, a Sony disse que fecharia três fábricas no Japão, parte de um esforço continuado para reduzir custos de produção e reconstruir um negócio que tem sido devastado pelo corte agudo dos consumidores na compra de produtos ao redor do mundo.
A Sony espera uma perda de 120 bilhões de ienes (1.26 bilhão de dólares) com o fim do ano fiscal que termina em março de 2010, depois de uma perda de 98.9 bilhões de ienes (1.03 bilhão de dólares) no ano fiscal que acaba de terminar.
Essa queda, enquanto é substancial, ficou abaixo da previsão da Sony de 150 bilhões de ienes (1.6 bilhão de dólar), parcialmente por conta de ganhos advindos de uma mudança nas leis japonesas de impostos.
Como outras exportadoras japonesas, a Sony vem de um declínio nas vendas em outros territórios e também no Japão, que está enredado na pior recessão em décadas. Um iene mais forte, que corrompe as vendas em outros lugares e infla os custos de produção em casa, também tem pesado no assunto.
As vendas no ano fiscal de 2009 caíram 12.9 por cento em relação ao ano anterior, a 7.73 trilhões de ienes (80.5 bilhões de dólares). O problema se aprofundou no quarto mais recente, caindo 22 por cento, a 1.52 trilhão de ienes (15.9 bilhões de dólares). Mas esses fatores mascaram problemas mais fundamentais da produtora.
Um dia uma potência de eletrônicos e inovadora no estilo, o domínio da Sony foi usurpado em quase tudo que faz pelas rivais com marketing mais afiado e produtos menos caros que são mais fáceis de usar.
A Sony há muito tempo desistiu de liderar os players de música por conta do popular iPod da Apple e está lutando para desenvolver um concorrente forte para o iPhone. De modo parecido, a Nintendo vendeu mais do que o poderoso PlayStation 3 da Sony com o Wii, console mais simples para jogadores iniciantes.
A Sony disse que teve vendas vigorosas de PlayStation 3 e de PSP no ano fiscal que terminou em março e espera que as vendas cresçam no ano atual. Ainda assim, a lucratividade baixa está levando a perdas nos negócios da Sony.
Enquanto isso, a Sony perdeu dinheiro por cinco anos seguido com as televisões, perdendo para a Samsung Electronics da Coreia do Sul, que domina grandes mercados com produto e preços agressivos. Até o porto seguro da Sony, as câmeras portáteis, estão sob pressão por conta de alternativas de baixo custo como o Flip Video, vendido pela norte-americana Purte Digital Technologies.
Um problema que estorva a Sony é que ela se focou nos consumidores japoneses dispostos a pagar preços altos por tecnologia de ponta. A Sony também ganha dinheiro com seus produtos no Japão, onde os custos de produção são elevados e vulneráveis a alterações no câmbio.
O acúmulo de perdas na veia de telefones celulares da Sony com a empresa sueca Ericsson é uma nova dor de cabeça para a empresa. A Sony Ericsson relatou uma perda de 293 milhões de euros (399 milhões de dólares) nos primeiros meses de 2009, causando especulação que uma ou ambas as companhias estariam tentando vender suas ações.
O executivo-chefe da Sony, Howard Stringer, tentou mudar a ênfase dos harwares para os produtos e serviços de rede, mas o câmbio tem sido lento. Stringer, americano nascido no País de Gales que assumiu o trono da Sony quatro anos atrás, também falou sobre quebrar barreiras internas que separam vários produtos.
Em um esforço para acelerar o processo, Stringer anunciou uma manobra de gerenciamento em março que substituiu velhos executivos por outros mais novos. Ele também redesenhou a estrutura corporativa da Sony para encorajar engenheiros de projetos distintos e trabalharem juntos.
Ao mesmo tempo, Stringer promoveu agressivo corte de custos, eliminando 16,000 empregos e reduzindo a rede de 57 fábricas. Mas alguns analistas alertaram que essas medidas poderiam piorar a lenta inovação da empresa.
A Sony disse que fecharia três instalações no Japão até o fim de dezembro que fazem câmeras de celular, partes de gravadores de vídeo e smart cards. A Sony disse que pretende fechar mais seis fábricas mundo afora. A companhia disse que qualquer perda de emprego nesses lugares faria parte do total de 16000.